Em campo, a Macaca venceu por 2 a 0 e garantiu vaga na final da Série C - resultado que ampliou a vantagem no ano: quatro clássicos, três vitórias e um empate.
A campanha pontepretana na Série C já entraria para a história mesmo sem o dérbi. Desde as primeiras rodadas, o time se manteve entre os protagonistas, superando percalços financeiros, trocas no comando técnico e a saída de peças importantes. Mas foi na reta final que a conexão entre elenco e arquibancada se consolidou. A chegada de Marcelo Fernandes e o lema “A Ponte é para quem acredita” transformaram dificuldades em combustível.
O jogo contra o Guarani foi mais um capítulo desse roteiro. Marcelo escalou um time ofensivo, com três atacantes, e deixou claro que não administraria resultado: jogaria para vencer. A Ponte viveu o dérbi desde o apito inicial.
Diogo Silva foi seguro quando exigido, a dupla Rodrigo Souza e Luiz Felipe ajudou Elvis a pensar o jogo, e o trio de frente — Bruno Lopes, Toró e Diego Tavares — foi o símbolo da entrega coletiva.
O primeiro gol resume o espírito dessa Ponte: de uma bola na trave do Guarani ao contra-ataque letal puxado por Toró, com Elvis e Bruno Lopes concluindo a jogada, em segundos. Uma sequência precisa, construída na intensidade.
A vantagem deu tranquilidade à Macaca, que seguiu controlando o ritmo e criando chances. Toró obrigou Dalberson a trabalhar, Bruno Lopes e Elvis ameaçaram ampliar — até que, no segundo tempo, Luiz Felipe apareceu na bola parada para fechar a conta. Festa completa para 17 mil pontepretanos.
Mirandinha foi um dos poucos a tentar romper a apatia, correndo, se doando, quase sempre sozinho. A blitz no segundo tempo mostrou alguma reação, mas foi insuficiente. A bola parada, antes arma bugrina, desta vez selou o destino com o gol de Luiz Felipe.
As reclamações da arbitragem em jogos anteriores podem até ter algum peso no discurso, mas o que derrubou o Guarani foi a falta de atitude e de identidade.
O jogo no Majestoso foi mais do que um clássico. Foi um símbolo de como dois clubes que compartilham a mesma cidade viveram temporadas opostas. A Ponte mostrou que, mesmo em meio ao caos, é possível encontrar força na entrega coletiva, na sintonia com a arquibancada e na clareza de um objetivo.
O Guarani, por sua vez, encerra o ano com a sensação de que faltou tudo: planejamento, desempenho, intensidade e reação. Enquanto a Macaca vai à final em busca de um título nacional inédito, o Bugre se vê diante de um espelho incômodo — e de uma reconstrução necessária.
Em Campinas, dérbi não é só futebol. É sentimento, identidade, pertencimento. Em 2025, quem soube viver isso foi a Ponte Preta. (Por Júlio Nascimento/G1)